Era, mais ou menos uma táctica que o inimigo usou como objectivo, desgastar o inimigo, obrigando os soldados, a defenderem as posições conquistadas. Os exércitos de ambas as partes, abriram as trincheiras, para os soldados se abrigarem e partir dos quais lançavam os ataques ao inimigo. No início eram apenas buracos com sacos de areia para ajudar a proteger e criar abrigos subterrâneos rudimentares. Mas como a frente permaneceu estática, foram-se tornando mais complexos, até acabarem, em sistemas bem elaborados e inquebráveis.
Esta estratégia tornou a guerra muito lenta. As posições tornaram-se fixas e o país que ganhasse a guerra seria, aquele que suporta-se melhor as condições de higiene, e que aguentasse as mortes.
A VIDA DOS SOLDADOS NAS TRINCHEIRAS
A vida dos soldados nas trincheiras era horrível, mais parecido com um autêntico inferno. Andavam ao frio, a chuva a neve, ou ao sol quente. Passavam meses e meses, anos e anos, nesses buracos, que quando chovia, ficavam transformados em verdadeiros rios de lama, nos quais rastejavam e se metiam. As condições de higiene não existiam, pois havia os piolhos e outros parasitas, assim como ratos. Os soldados chegavam a tirar a roupa e queima-la, porque só assim se conseguiam ver livres dos piolhos. Um soldado francês registou os danos provocados pelos ratos: “Os ratos, em quantidade incalculável, são os senhores da posição. Passo noites terríveis; coberto totalmente com as polainas e o meu pacote, sinto, no entanto, estes imundos animais a roçarem-me por tudo o meu corpo. São às vezes aos quinze e vinte sobre cada um de nós e depois de terem comido tudo, pão, manteiga, chocolates, agarravam-se ao nosso vestuário”.
Os soldados estavam sujeitos a uma variedade de doenças, como as febres das trincheiras, as constipações e gripes. Uma alimentação pobre, a base de comida enlatada, raramente servida quente, não ajudava.
O SISTEMA DE TRINCHEIRAS
As trincheiras tinham habitualmente 2,30 metros de profundidade, e 2 metros de largura. Nos parapeitos das trincheiras eram colocados sacos de areia (os “parados”) para absorverem as balas e os estilhaços das bombas. Numa trincheira com esta profundidade, não se conseguia espreitar, por isso, havia espécie de elevação no interior conhecida como “fire step”. As trincheiras não eram construídas em linha recta. Muitas eram perpendiculares para que o inimigo conseguisse tomar uma parte da trincheira, estava sujeito ao fogo das de apoio e das perpendiculares. As trincheiras eram protegidas pelo arame farpado e por postos de metralhadora (muitos deles de espesso betão armado). Cavavam-se também trincheiras pela “terra de ninguém” dentro para ouvir o que se passava na posição inimiga ou para capturar soldados e depois interrogá-los.
A TERRA DE NINGUÉM
“Terra de ninguém” foi o termo usando pelos soldados para descrever o terreno entre duas trincheiras inimigas. A distância entre elas variam, mas na Frente Ocidental era, em média, de 230 metros.
A “Terra de ninguém” continha grandes quantidades de arame farpado. Nas zonas de onde se previam mais ataques, podiam haver 10 barreiras de arame farpado antes da primeira trincheira. Em algumas zonas o arame farpado ocupava mais de 30 metros de espessura. Se fosse uma área sujeita a ataques constastes, a “terra de ninguém” ficava cheia de equipamentos militar distribuído e abandonando, e de corpos, que com o tempo entravam em decomposição. Era, juntamente com as trincheiras, território para ratos e doenças.
Era muito difícil atravessar a “terra de ninguém”. Os soldados não só tinham que evitar as metralhadoras e as explosões, como tinham que ultrapassar as inúmeras barreiras de arame farpado, os detritos de material destruindo ou abandonando e as crateras cheias de água e lama provocadas pelas bombas.
EM CONCLUSÃO
A lama o sol ardente, as pulgas e os ratos, o gás, o arame farpado, o medo, a miséria, a dor a saudade, enfim, a morte, compunham o verdadeiro sofrimento dos homens nas trincheiras.
Marina Magalhães